Expedição Científica Kasato-Maru


Expedição Científica Kasato-Maru

O Kasato-Maru encontra-se afundado em águas russas e expedição científica pretende resgatar peças do primeiro navio a trazer imigrantes japoneses ao Brasil

Como é de conhecimento de toda comunidade nipônica brasileira, é um sonho antigo resgatar as peças do histórico navio Kasato Maru, que trouxe os primeiros imigrantes japoneses ao Brasil em 1908. Muito já se falou – em livros, artigos de revistas, jornais, e inclusive, contatos de políticos – a respeito do resgate das âncoras, dos sinos e de outras peças, esquecidas no fundo do mar.

No entanto o assunto estava envolto por entraves diplomáticos, que demandaram grande trabalho junto à Embaixada da Federação da Rússia no Brasil e ao Ministério das Relações Exteriores da Federação Russa, pois o navio encontra-se afundado em águas russas, na Península de Kamchatka.

O Navio Kasato Maru

O navio foi construído na Inglaterra a pedido do Governo Russo, em 1900, e chamou-se primeiramente Potosi, ganhando o nome de Kazan cinco anos depois. Em 1906, no final da guerra Russo-Japonesa, foi capturado pela marinha japonesa e adaptado para ser um navio de passageiros, transportando soldados que regressavam do combate na Manchúria, já com o nome de Kasato Maru.

No mesmo ano passou a transportar imigrantes japoneses para o Havaí, em 1907, para o Peru e México, e em 1908 para o Brasil, trazendo 165 famílias (781 pessoas). Em 1934, passou a ser chamado de Kasado Maru. Em 1942, o navio foi requisitado pela Marinha Imperial Japonesa para fazer parte da esquadra japonesa na Segunda Guerra Mundial, como embarcação de apoio.

Kasato_MaruKasato Maru no Porto de Santos em 1908 (commons Wikimedia)

No dia 9 de agosto de 1945, três aviões russos o bombardearam entre 11h14 e 14h30, fazendo-o afundar no mar de Okhtosk, na Península de Kamchatka, como já citado.

Assim, desde março de 2011, iniciou-se um trabalho junto ao Governo da Federação da Rússia com o objetivo que este resgate fosse autorizado. Em 10 de dezembro de 2013, a primeira autorização enfim foi oficializada para que se pudesse dar início aos projetos necessários.

Em abril de 2015, o Governo do Estado do Paraná e o Senado Federal manifestaram-se favoravelmente a respeito, e formalizou-se o pedido entregue pessoalmente ao Senhor Embaixador Sergey Akopov.

Em 19 de junho de 2015, este emitiu uma nota oficial endereçada ao Ministro da Cultura do Brasil, informando sobre os trabalhos de resgate, a serem realizados com exclusividade pelo Instituto Tecnológico e Ambiental do Paraná – ITAPAR, localizado na cidade de Curitiba.

O Projeto

Durante uma visita à Moscou em outubro de 2015, o Governo da Rússia designou a Sociedade Geográfica Russa, uma instituição com 170 anos de existência e uma das maiores do mundo, para ser coordenadora geral do projeto.

Foram estipuladas algumas condições, dentre elas, que os mergulhadores e demais técnicos envolvidos deverão ser exclusivamente de origem russa; que as partes envolvidas serão a Sociedade Geográfica Russa e o ITAPAR, o qual será o curador em definitivo das peças e que o resgate tem que ter como objetivo, também, a pesquisa científica.

Desta forma, o projeto passou a ser denominado “Expedição Cientfica Kasato Maru”, já que além do resgate das peças do navio, serão feitas pesquisas que envolverão questões como aquecimento global, biologia marinha, estudo da zona de mistura rio-mar e análise dos lagos vulcânicos (caldeiras).

Para tanto, a expedição contará também com professores e alunos de Universidades da Rússia e do Brasil. Os resultados desses estudos poderão fazer parte de seus estudos de graduação, mestrado e doutorado. O cronograma de trabalho do projeto para 2016 é o seguinte:

Em março será realizada uma viagem precursora, com finalidade de avaliar o local do acampamento base e de mergulho, como também a geolocalização exata do navio afundada, bem como de contratar os técnicos, a tripulação, o resgate de emergência e demais equipamentos de campo.

Em julho e agosto ocorrerá o resgate das peças propriamente. Já entre setembro e dezembro iremos catalogar e certificar as peças resgatadas, fazendo sua remessa para o Porto de Paranaguá, no Brasil.

As Exposições Itinerantes

A primeira intenção era realizar uma exposição no Memorial da Imigração Japonesa em Curitiba, todavia, segundo informações recebidas, o local necessitará de várias reformas e adequações. Assim é preciso estudar outros locais para a exposição.

É importante mencionar que estas peças irão percorrer o Brasil em mostras itinerantes, já que existem descendentes de japoneses em todo o país (cerca de 1.500.000 segundo estimativas). Uma das peças será destinada ao Governo Japonês para uma exposição definitiva no Porto de Kobe, local de partida dos primeiros imigrantes.

O apoio das entidades representativas de nossa colônia é de fundamental importância! O Consulado Geral e a Câmara de Comércio Brasil Japão são prioridades para estarem inseridos neste projeto que vai resgatar o símbolo de esperança que trouxe os primeiros imigrantes japoneses ao país, em busca de uma perspectiva melhor de vida em meio à fome, pobreza e guerra.

Necessitamos preservar e revitalizar a cultura japonesa em favor de todas as gerações! As entidades que quiserem contribuir com o projeto, podem entrar em contato com a ITAPAR.

Instituto Tecnológico e Ambiental do Paraná – ITAPAR
Rua Ângelo Sampaio, 1564 Bairro do Batel – Curitiba – Brasil CEP 80420-160
Telefone: + 55 (41) 3323-6236
www.itapar.org.br
www.facebook.com/ExpedicaoKasatoMaru

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