O que mudou em 30 anos vivendo no Japão como estrangeiro

O que mudou em 30 anos vivendo no Japão como estrangeiro

Muitas coisas mudaram ao longo de 30 anos. Confira um panorama completo sobre como essas mudanças afetaram os estrangeiros que vivem no Japão.

Quem foi ao Japão como dekassegui 30 anos atrás percebe o quanto as coisas mudaram nesse intervalo de tempo. Quem se lembra das longas filas em cabines de telefones públicos para poder ligar pra família com um cartão telefônico que custava Y1.000 que nos permitia falar apenas 8 minutos? Ou um cartão de Y5.000 pra falar por 20 minutos?

Hoje com o avanço da internet e com a ajuda da tecnologia dos smartphones, a distância entre Brasil e Japão parece ter encurtado, pelo menos nesse aspecto.

Muitos naquela época nem cogitavam a ideia de comprar casa ou de morar no país para sempre. A ideia principal era juntar dinheiro para investir no Brasil. Hoje vemos o quanto isso mudou, com muitas famílias decidindo estabelecer-se de vez no país.

Três décadas de muitas transformações

Entre 1995 e 2025, o país passou por transformações sociais, econômicas e demográficas profundas, especialmente com a queda na população, o envelhecimento acelerado e a crescente necessidade de mão de obra estrangeira.

Mas como essas mudanças afetaram a vida dos brasileiros e outros imigrantes? Este artigo apresenta um comparativo direto entre a experiência de viver no Japão em 1995 e em 2025, mostrando como o país evoluiu — e onde ainda há desafios.

1995: O Japão aprendia a lidar com estrangeiros

A presença brasileira era grande, mas a integração era mínima Entre o final da década de 90 e início de 2000, a comunidade brasileira ultrapassava 250 mil pessoas, a maior população latina do país. Apesar disso, a integração era frágil:

● poucos serviços públicos em português,
● escolas brasileiras surgindo por necessidade,
● barreiras culturais muito fortes,
● pouca aceitação social,
● discriminação mais explícita que hoje.

A maioria vivia em regiões industriais como Aichi, Shizuoka e Gunma, trabalhando como dekassegui.

Trabalho duro, instável e pouco regulamentado

O Japão enfrentava o fim da bolha econômica e muitas fábricas dependiam de imigrantes para suprir mão de obra de baixa qualificação.

● Trabalho por agência (haken).
● Contratos pouco estáveis.
● Jornadas longas.
● Pouco contato com japoneses.
● Zero perspectiva de ascensão profissional.

Moradia simples e, muitas vezes, fornecida por empreiteiras

Em 1995 era comum as empreiteiras colocarem brasileiros para dividirem apartamento. Geralmente eram apartamentos pequenos ou antigos e já mobiliados. Algumas fábricas também ofereciam dormitórios com cozinhas e banheiros compartilhados.

Barreira linguística extrema

● poucos japoneses falavam inglês,
● boa parte dos serviços públicos não tinha tradução,
● estrangeiros dependiam de intérpretes voluntários.

Muitos japoneses ainda associavam estrangeiros a trabalho braçal e comportamentos “fora da norma”. O preconceito era mais aberto e frequente.

2025: O Japão precisou acolher os estrangeiros

Com o país vivendo uma crise demográfica histórica, o governo começou a reformular suas políticas de imigração.

Demografia força mudanças

O Japão tem:

● mais de 29% de idosos (recorde mundial),
● baixa natalidade,
● falta de trabalhadores em múltiplos setores.

Com isso precisou flexibilizar suas políticas de imigração.

Vistos mais flexíveis e novos programas de trabalho

Entre 2018 e 2025 surgiram novos sistemas:

Specified Skilled Worker (Tokutei Ginou) – permite que estrangeiros trabalhem em 16 setores essenciais.
● Processos de renovação mais claros.
● Caminhos mais definidos para residência permanente.

Apesar de taxas e burocracias às vezes aumentarem, há mais TRANSPARÊNCIA do que no passado.

Mais brasileiros nas grandes cidades

Hoje, muitos imigrantes preferem viver em:

● Tóquio,
● Osaka,
● Nagoya,
● Yokohama.

E não apenas em áreas industriais.

Mais serviços multilíngues

Comparando com 1995:

● sites do governo em inglês e às vezes português,
● hospitais multilíngues,
● intérpretes públicos,
● aplicativos que facilitam tudo.

Mais brasileiros empreendendo

A nova geração deixou as fábricas e se espalhou por vários setores:

● TI
● gastronomia
● estética
● marketing
● serviços multilíngues
● lojas brasileiras e internacionais

Maior tolerância — embora ainda haja tensões

A sociedade japonesa em 2025:

● está mais acostumada com estrangeiros,
● tem mais convivência diária multicultural,
● mas também enfrenta debates sobre imigração,
● Há grupos conservadores com posicionamentos mais duros.

Nada comparado ao ano 1995, mas ainda longe de um ideal de inclusão.

Aspecto 1995 2025
Trabalho Indústrias, trabalhos pesados TI, serviços, cuidado, restaurantes, indústrias e startups
Vistos Rígidos, pouco flexíveis Programas modernos como Tokutei Ginou
Integração Pouca, quase inexistente Crescente, ainda com desafios
Sociedade Desconfiança e pouca convivência Mais abertura, embora com tensões
Apoio ao imigrante Limitado Amplo acesso digital e multilíngue
Brasileiros Dekassegui Profissionais diversos e empreendedores
Custo de vida Baixo-médio Alto nas grandes cidades
Tecnologia para estrangeiros Quase zero Apps, tradução instantânea, atendimento online
Educação para filhos Escolas brasileiras improvisadas Suporte escolar multilíngue em diversas prefeituras

Vviver no Japão está mais fácil ou mais difícil em 2025?

Depende do perfil:

✔ Mais fácil para quem é qualificado, pois hoje há:
● mais oportunidades,
● mais abertura cultural,
● mais suporte multilíngue,
● melhores caminhos para residência.

✔ Mais difícil para quem busca trabalhos simples, pois:
● o custo de vida aumentou,
renovação de vistos pode ser mais burocrática,
● há competição com trabalhadores de países asiáticos com maior migração.

Mas em geral, 2025 é muito menos hostil e muito mais estruturado que 1995.

Não é a toa que muitos brasileiros que vivem há décadas no Japão optaram em se estabelecer por lá, dando entrada em visto de residência permanente, comprando casas, matriculando seus filhos em escolas japonesas pensando no futuro deles no país.

Mas agora, conta pra mim. Você viveu e trabalhou no Japão na década de 90? Continua vivendo no país? Se identificou com este comparativo? Escreva nos comentários suas percepções.

Imagem do topo: photo-ac

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Sou apaixonada pelo Japão e sua cultura. Resolvi criar esse blog com o intuito de fazer com que mais e mais pessoas conheçam essa cultura tão rica, incrível e fascinante!

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