Oiran, as cortesãs japonesas


Oiran, as cortesãs japonesas

As cortesãs Oiran (花魁) eram consideradas – tanto em termos sociais quanto no entretenimento que proporcionavam – como estando acima das prostitutas comuns.

As cortesãs Oiran (花魁) surgiram no início do período Edo (1600 – 1868). A palavra “oiran” consiste em dois kanji, com 花 significando “flor”, e 魁 significando “líder” ou “primeiro.” Aspectos culturais da tradição oiran continuam sendo preservadas até os dias atuais.

“Oiran” era o termo para uma categoria específica de cortesãs de alto escalão que existiu na história japonesa. Divididas em várias categorias, as cortesãs oiran eram consideradas – tanto em termos sociais quanto no entretenimento que proporcionavam – como estando acima das prostitutas comuns, que eram conhecidas como “Yūjo” (遊女) ou “mulheres do prazer”.

Em comparação com as Yūjo, cuja atração principal eram os serviços sexuais, as cortesãs Oiran eram, antes de tudo, artistas. Para se tornar uma oiran, uma mulher primeiro precisava ser educada em uma série de habilidades desde uma idade relativamente jovem, incluindo chadō (cerimônia do chá japonesa), ikebana (arranjos de flores) e shodo (caligrafia).

Imagem: Wikimedia Commons

As Oiran também aprendiam a tocar instrumentos musicais tais como koto, shakuhachi, tsuzumi (tambor de mão), shamisen e kokyū. As oiran eram cultas, capazes de conversar e escrever com sagacidade e elegância, e capazes de igualar-se em intelecto na conversação.

O nível hierárquico dessas cortesãs era muito alto, por isso seus serviços eram excessivamente caros. Elas eram altamente respeitadas por sua riqueza e pelo conhecimento das artes tradicionais. E, claro, seus clientes quase sempre eram pessoas do alto escalão.

Categorias das cortesãs Oiran

No estatuto das cortesãs não havia qualquer outra distinção senão a estrita hierarquia, de acordo com a beleza, caráter e habilidades artísticas. Entre as oirans, as tayū (太夫) eram consideradas as prostitutas de status mais alto, e eram consideradas adequadas para os daimyo (senhores feudais). Só os mais ricos e de status mais alto podiam patrociná-las.

E ao contrário de uma prostituta comum, a tayu tinha prestígio suficiente para recusar clientes. Em seguida vinham as ‘sanchas’ e as ‘umechas’ para os samurais e burgueses endinheirados, respectivamente. Mais abaixo estavam as ‘zashikimochi’ e as ‘heyamochi’. Finalmente no nível mais baixo estavam as yuujo (遊女?) e depois as oiran que foram expulsas, as ‘hashi’.

Kamuro e Shinzo – As aprendizes Oiran

Oiran_and_ShinzoImagem: Wikimedia Commons

As aprendizes de oiran eram chamadas de kamuro (かむろ). Eram meninas entre 5 e 8 anos de idade que em muitos casos foram vendidas para bordeis por seus pais em troca de uma grande quantia de dinheiro ou eram filhas de alguma prostituta que as vendia para quitar suas dividas, e elas deveriam trabalhar para devolver esse valor para o dono do bordel.

Uma oiran (cortesã de alto nível) era responsável por alimentar, vestir e abrigar sua kamuro. Elas atuavam como mensageiras, atendentes, acompanhantes e criadas de sua “irmã mais velha”. Caso a cortesã não trabalhasse, isso poderia afetar diretamente a kamuro.

Oiran e KamuroImagem: photozou.jp

Elas eram meninas muito bem vestidas, que circulavam pelas ruas onde moravam, levando ordens aos comerciantes, convocando vendedores, entregando presentes e comprando lanches para que suas “irmãs mais velhas” pudessem comer apressadamente entre os clientes.

Quando alcançava a idade de nove ou dez anos, ela estava apta a se tornar “shinzo”, onde começariam seu aprendizado, mas ainda não iriam para cama com os clientes. E quando estreasse como cortesã, sua “irmã mais velha” teria que bancar todos os custos, mas isso não significava que ela deteria o contrato da kamuro, pois isto ficaria a cargo do bordel.

Além das meninas kamuro, havia outras mulheres adultas (banto shinzo) que acompanhava as Oiran, trabalhando como se fossem uma espécie de “gerentes”. Normalmente eram mulheres que já haviam saído dessa profissão ou não eram atraentes o suficiente para exercê-la.

As diferenças entre Oiran e Gueixa

Diferenças entre Oiran e GueixaImagens: Wikimedia Commons

Não confunda oiran com gueixa. Apesar das roupas de ambas e ornamentos serem semelhantes, na verdade existem muitas diferenças que as distinguem. A primeira coisa é que, diferente das Oiran, as gueixas não estavam envolvidas com prostituição. Eram na realidade artistas cultas que divertiam seus clientes com seus conhecimentos de música e dança.

Durante o período Edo, a prostituição era legalizada e as prostitutas, como as Oiran estavam autorizadas pelo governo. Em contrapartida, as gueixas eram estritamente proibidas de se prostituírem, e estavam oficialmente proibidas de terem relações sexuais com seus clientes. Elas deveriam ser solteiras, e caso decidissem casar deveriam se retirar da profissão.

Imagem: Wikimedia Commons

As oiran usavam penteados mais complexos e adornados do que as gueixas, muitas vezes com mais de oito grandes kanzashi (grampos de cabelo), feitos com casco de tartaruga, prata, ouro e pedras preciosas. A vestimenta de uma oiran consistia em uma série de quimonos em camadas, feitos de tecidos decorados, geralmente de cetim de seda ou brocado de seda.

Os quimonos usados pelas Oiran eram sempre de cores mais chamativas do que os das gueixas; Outra maneira muito fácil de distinguir uma Oiran de uma gueixa é através do seu obi (“laço”). As oiran atavam seu obi virado para frente, enquanto as gueixas o atava para trás.

Imagem: Wikimedia Commons

Os geta (calçados) das oiran eram muito mais altos dos que aqueles usados pelas gueixas; Chamados de koma geta, este calçado podia ter entre 15 e 20 cm de altura. Além disso, as oiran não usavam tabi (meia tradicional japonesa) ou meias, ao contrário das gueixas. O pé descalço sob as muitas camadas de roupa era considerado um símbolo de erotismo.

Após a Segunda Guerra Mundial, as Oiran, particularmente quando estavam em onsen, tiravam proveito do prestígio das gueixa e se promoviam de tal forma ante os turistas (estrangeiros), se aproveitando da similaridade na vestimenta, penteado e maquiagem e o fato de que ambas as profissões requeriam uma forma sofisticada de ser, além do conhecimento das artes.

Isso fez com que as gueixas muitas vezes fossem injustamente confundidas com as Oiran, criando-se o mito de que eram prostitutas de luxo, cuja característica pertencia às Oiran.

Oiran Parade – Parada das cortesãs

Oiran Dochu é uma reconstituição de uma procissão com homens e mulheres vestidos com trajes do período Edo (1603-1867). Esse evento ocorre em vários locais do Japão, em diferentes datas, sendo que alguns dos mais famosos são o Bunsui Sakura Matsuri Oiran Dōchū, em Tsubame, Niigata e o Edo Yoshiwara Oiran Dōchū, em Yoshiwara, Tóquio.

Ambas procissões citadas acima ocorrem em abril. Nestes eventos, podemos conhecer mais sobre a cultura oiran do período Edo. Músicos e personagens cômicos divertem os espectadores e o desfile termina com um encontro entre a tayu (oiran mais velha) e seu cliente.

Para ver onde ocorrem outros eventos de Oiran Dochu em outros locais do Japão, clique aqui. O objetivo desses eventos é o de manter viva a tradição Oiran. Gostou de conhecer um pouco mais sobre as cortesãs japonesas? Já assistiu a um desses eventos? Comente abaixo! 🙂

3 Comentários

  1. o

    interessante conteúdo

  2. Lucas Silva

    Texto retirado da Wikipédia

  3. Cláudia

    Excelente texto, com explicações detalhadas sobre o tema abordado.
    Gostei!

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