Uesugi Kenshin: o “Dragão de Echigo” e a intrigante teoria de que ele era mulher

Descubra quem foi Uesugi Kenshin, o lendário “Dragão de Echigo” do Período Sengoku, e entenda a intrigante teoria de que ele poderia ter sido uma mulher.
Uesugi Kenshin (1530–1578) é uma das figuras mais fascinantes do período Sengoku — uma era caótica marcada por guerras civis, ascensão de clãs e lendários daimyos.
Conhecido como “O Dragão de Echigo”, Kenshin ficou famoso por seu brilhante talento militar, rivalidade histórica com Takeda Shingen e forte devoção à Bishamonten (毘沙門天), uma importante divindade budista japonesa, conhecido como o deus da guerra.
Bishamonten é um dos Sete Deuses da Sorte (Shichifukujin), geralmente retratado como um guerreiro em armadura, empunhando uma lança e uma pequena pagoda (tesouro divino) e é um punidor de malfeitores, associado à proteção espiritual e vitória.
Além dos seus feitos militares, uma teoria moderna tem despertado enorme curiosidade: a hipótese de que Uesugi Kenshin poderia ter sido biologicamente mulher.
Embora não seja consenso entre historiadores, essa teoria ganhou destaque nos últimos anos e continua alimentando debates, romances históricos, artigos acadêmicos e obras de ficção.
Neste artigo, exploramos quem foi Kenshin, os argumentos que sustentam (e contestam) essa hipótese e por que o tema continua tão relevante hoje.
Quem foi Uesugi Kenshin?
Kenshin nasceu como Nagao Kagetora e posteriormente assumiu o nome Uesugi Kenshin (上杉謙信) ao se tornar líder do poderoso clã Uesugi, após ser adotado pelo influente Uesugi Norimasa. Ele governou a província de Echigo a partir de Kasugayama e se destacou como:
● estrategista militar formidável
● administrador eficiente e respeitado
● samurai disciplinado e devoto
● rival lendário de Takeda Shingen
Segundo registros, Kenshin tinha por volta dos 19 anos quando assumiu o controle da província de Echigo. Sua ascensão rápida demonstrou talento político e militar desde cedo.
Ele travou cinco batalhas icônicas com o rival Takeda Shingen na planície de Kawanakajima — algumas das mais estudadas da história militar japonesa.
Um dos momentos mais memoráveis foi quando atacou Shingen pessoalmente a cavalo, golpeando-o com a espada enquanto Shingen se defendia com seu tessen (leque de guerra).
A origem da teoria: Kenshin poderia ter sido mulher?
A teoria sobre Kenshin ser mulher não surgiu no período feudal, mas sim em pesquisas mais recentes. Ela se baseia em alguns registros históricos, observações médicas retroativas e detalhes culturais da época.
Embora controversa, a hipótese possui argumentos interessantes:
1. Registros que mencionam “doença mensal”
Alguns documentos referem-se a Kenshin sofrendo de “dores abdominais mensais”, frequentemente incapacitantes.
Alguns estudiosos sugerem que isso poderia se referir a cólicas menstruais — algo improvável de ser registrado literalmente num documento militar do período.
2. Kenshin nunca se casou e não deixou filhos biológicos
Embora não seja prova, era incomum para um daimyo da época.
Ele adotou sucessores, prática comum, mas a ausência de herdeiros diretos chama atenção.
3. Há menções à sua aparência “delicada”
Alguns relatos descrevem Kenshin com traços considerados femininos.
Claro, isso pode ser simplesmente uma observação estética — e não uma evidência.
4. A forte reserva sobre sua vida privada
Registros mostram que Kenshin era extremamente reservado e vivia de forma austera dentro do castelo, algo que permite especulações sobre segredo de identidade.
5. Relatos de que Kenshin usava roupas masculinas desde jovem
Para alguns teóricos, isso sustenta a ideia de que ele poderia ter sido criado dessa forma para assumir o cargo de líder do clã em um contexto de poder rigidamente masculino.
Argumentos contrários à teoria
Naturalmente, a maioria dos historiadores japoneses considera a hipótese interessante, porém improvável. Os principais argumentos contrários incluem:
1. Falta de evidências diretas
Nenhum documento contemporâneo afirma explicitamente que Kenshin era mulher.
No Japão feudal, um segredo dessa magnitude seria muito difícil de manter.
2. Práticas de campo de batalha
Kenshin lutou pessoalmente em várias batalhas, inclusive em combate direto.
Embora mulheres samurais existissem, liderar exércitos e duelar com rivais era raríssimo.
3. Lifestyle compatível com monasticismo
A abstinência de relações e a vida regrada podem refletir sua devoção a Bishamonten — não necessariamente uma identidade feminina oculta.
Por que a teoria permanece tão popular?
Mesmo sem provas definitivas, a ideia de um dos maiores guerreiros do Japão feudal ter sido mulher atiça a imaginação por vários motivos:
● É uma narrativa que rompe padrões históricos
● Permite novas leituras da vida e das decisões de Kenshin
● Inspirou livros, mangás, animes e peças teatrais
● Abre discussões sobre gênero, poder e papéis sociais no Japão medieval
Além disso, Kenshin sempre foi envolto em uma aura quase mítica. Qualquer nuance adicional amplifica esse magnetismo histórico.
O legado duradouro de Uesugi Kenshin
Independentemente da teoria, o legado de Kenshin permanece intacto:
● foi um dos maiores realizadores militares do Sengoku
● consolidou a província de Echigo
● deixou uma imagem de liderança honrada
● marcou a história com sua rivalidade mais famosa
● tornou-se símbolo de disciplina, estratégia e devoção
A teoria de que Kenshin poderia ter sido mulher não diminui sua relevância. Pelo contrário — ela amplia a curiosidade e reforça seu status de figura enigmática e lendária.
Conclusão
Uesugi Kenshin permanece uma das personalidades mais intrigantes da história japonesa. A hipótese de que ele poderia ter sido mulher é controversa, porém fascinante, e continua inspirando debates, pesquisas e obras criativas.
Seja homem ou mulher, o que realmente atravessou os séculos foi a força de sua liderança, sua mente estratégica e seu papel determinante no turbulento período Sengoku.
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