Crianças estrangeiras que não falam japonês tem sido um grande desafio no Japão

Crianças estrangeiras que não falam japonês tem sido um grande desafio no Japão

Com o crescimento da população estrangeira no Japão, o número de crianças também aumentou, trazendo desafios para o sistema educacional japonês.

Com o crescimento contínuo da população estrangeira no Japão, o número de crianças estrangeiras que vivem no país também aumentou. Infelizmente, o número de crianças que vivem no Japão e não dominam a comunicação em japonês também está crescendo.

Segundo o Ministério da Educação, Cultura, Esportes, Ciência e Tecnologia do Japão (MEXT), que publica esses dados aproximadamente a cada dois anos, em 2008 havia 28.757 crianças de nacionalidade estrangeira matriculadas em escolas públicas de ensino fundamental e médio no Japão que necessitavam de suporte para se tornarem fluentes em japonês.

Esse número se manteve mais ou menos constante nos anos seguintes, mas aumentou consideravelmente em 2016 e vem crescendo em ritmo acelerado desde então, quase dobrando entre 2014 e 2023.

Número de crianças de nacionalidade estrangeira em escolas públicas de ensino fundamental e médio que necessitam de suporte adicional para aprender japonês:

gráfico crianças estrangeiras que necessitam de suporte para aprender japonês nas escolas públicas japonesas

● 2008: 28.575
● 2010: 28.511
● 2012: 27.013
● 2014: 29.198
● 2016: 34.335
● 2018: 40.755
● 2021: 47.619
● 2023: 57.718

As estatísticas para 2025 ainda não estão disponíveis, mas considerando as tendências recentes de imigração, podemos esperar que será um novo recorde.

Aulas complementares de japonês como segunda língua (JSL)

Quando se constata que uma criança não possui proficiência suficiente em japonês para sua idade, ela recebe aulas complementares de japonês como segunda língua (JSL), totalizando até 280 horas por ano letivo, dentro de uma estrutura chamada “currículo especial para orientação em língua japonesa no nível de educação obrigatória”.

As aulas nesse sistema devem ser ministradas por um instrutor com certificação de ensino, mas, conforme noticiado pelo site Toyo Keizai, as escolas nem sempre dispõem de profissionais com a qualificação necessária para lecionar essas aulas.

Como alternativa, muitas recorrem a serviços educacionais externos, contratando professores JSL para ministrar as aulas especiais, mesmo sem uma licença de ensino formal.

Os desafios enfrentados pelo sistema educacional japonês

A concentração de crianças estrangeiras em uma escola específica geralmente não é alta o suficiente para contratar um professor de suporte em tempo integral. Por isso, os professores frequentemente precisam visitar várias escolas, em um único dia, sobrecarregando-os.

Para alunos com o nível mais baixo de proficiência em japonês, um plano comum é começar instruindo a criança em sua língua materna e, em seguida, fazer a transição para o japonês à medida que ela desenvolve vocabulário e habilidades gramaticais.

No entanto, com a população estrangeira do Japão se tornando mais diversa e vinda de um número crescente de países diferentes, o leque de línguas maternas de crianças de nacionalidade estrangeira aumentou, o que significa que há menos chances de encontrar um professor que fale a língua materna de uma determinada criança.

Isso também é um problema quando o professor de japonês precisa conversar com os pais da criança para discutir seu desenvolvimento e coordenar com eles as tarefas de casa, exercícios e outras atividades que precisam ser feitas fora da sala de aula.

Às vezes, os próprios pais também têm pouco domínio do japonês, o que significa que, além de ensinar as crianças durante a aula, o professor de JSL precisa assumir o papel de intérprete para manter os pais informados sobre o desenvolvimento escolar dos filhos.

As mudanças que ocorreram ao longo dos anos

Durante muitos anos, muitos dos residentes estrangeiros adultos no Japão eram solteiros ou casados ​​há pouco tempo, não estando prontos para formar uma família ainda, e quando finalmente estavam, muitos optavam em retornar aos seus países de origem.

Dentre os que permaneceram, uma grande proporção era casada com um(a) cidadão(ã) japonês(a), o que significa que seus filhos tinham pelo menos um dos pais falando japonês em casa e sendo expostos ao idioma diariamente antes de ingressarem no ensino fundamental.

Entre as famílias residentes de longa data, em que ambos os pais eram estrangeiros, muitas vezes os pais estavam em cargos executivos de alto nível, com salários altos que lhes permitiam enviar seus filhos para escolas particulares ou internacionais, onde a proficiência em japonês não era tão importante, pois as aulas eram ministradas em outro idioma.

Estilo de vida dos residentes estrangeiros no Japão

O estilo de vida dos residentes estrangeiros no Japão tornou-se muito mais diversificado nos últimos tempos.

Após a flexibilização das restrições aos vistos de trabalho e de estudante em meados da década de 2010, bem como o aumento das contratações por empresas japonesas, o Japão agora possui um número muito maior de residentes estrangeiros de longa duração.

Casais estrangeiros com filhos, onde nenhum dos cônjuges é falante nativo de japonês e que não possui uma renda das mais altas são os que mais enfrentam problemas na adaptação das crianças em escolas japonesas em razão da dificuldade de não falarem japonês.

Este é um desenvolvimento social relativamente recente, e os sistemas educacional e governamental ainda não se adequaram completamente.

Olhando para o futuro das crianças estrangeiras no Japão

Se não for devidamente abordado, o problema das crianças estrangeiras com dificuldades na língua japonesa só tende a aumentar nos próximos anos.

A incapacidade de compreender plenamente e comunicar-se eficazmente não só dificulta o acompanhamento de todas as disciplinas, como também pode gerar problemas disciplinares.

Uma criança que não consegue acompanhar e se envolver com o conteúdo durante as aulas provavelmente ficará entediada, inquieta e indisciplinada, o que, por sua vez, pode afetar seu desenvolvimento social em áreas como fazer amigos e trabalhar em equipe.

Analisando a situação sob uma perspectiva de longo prazo, essas crianças poderão ter mais dificuldade para ingressar no ensino médio e ensino superior, já que para isso precisam atender aos requisitos de admissão, como boas notas em provas.

Há uma grande probabilidade de enfrentarem dificuldades econômicas no futuro devido aos efeitos das dificuldades linguísticas e educacionais que enfrentaram na infância.

Já que um pequeno número de professores precisa se desdobrar para atender diversas escolas, um sistema mais centralizado poderia aliviar esses problemas, reunindo alunos estrangeiros com necessidades semelhantes de diferentes escolas nas mesmas turmas.

Fonte: soranews24.com
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Sou apaixonada pelo Japão e sua cultura. Resolvi criar esse blog com o intuito de fazer com que mais e mais pessoas conheçam essa cultura tão rica, incrível e fascinante!

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