Komusō, os monges da meditação sonora


Komuso

Os monges budistas Komusō carregavam cestas em suas cabeças, simbolizando a “ausência do ego”. Eles também tocavam flauta Shakuhachi em troca de esmolas.

Durante o Japão feudal, surgiu uma classe de monges mendigos chamados Komusō (monges do vazio), que tinham o privilégio de cruzar as fronteiras livremente. Esses monges errantes pertenciam a uma seita chamada ” Fuke ” do Zen Budismo, e eles praticamente viviam das esmolas que recebiam por tocar flauta durante suas longas peregrinações.

Os monges Komusō (虚無僧) eram muito fáceis de reconhecer, pois carregavam uma cesta de vime chamada Tengui (天蓋), que simbolizava a “ausência do ego”. Em sua seita, a flauta Shakuhachi era de extrema importância, pois com ela tocavam algumas canções conhecidas como Honkyoku (本曲), que eram usadas para meditar e alcançar a iluminação.

A seita Fuke chegou ao Japão no século 13 e se baseia nos ensinamentos de Linji Yixuan, um professor Zen da China no século IX. Honkyoku (“peças originais”), eram tocadas com shakuhachi (um tipo de flauta de bambu) durante uma prática meditativa chamada suizen.

shakuhachi (um tipo de flauta de bambu)Suizen, é a meditação por meio do sopro meditativo de um shakuhachi, em oposição ao zazen, que é meditação por meio de sentar-se silenciosamente como praticado pela maioria dos seguidores zen. Imagem: photo-ac.com

As peças suizen (conhecidas como honkyoku ) priorizaram o controle preciso da respiração como uma função da atenção plena Zen e muitas foram projetadas para serem tocadas no tempo dos passos do monge enquanto ele marchava longas distâncias em peregrinação.

Eles costumavam fazer longas viagens a outros templos para aprender novas peças, enquanto outros viajavam sem rumo, tocando flauta em eventos especiais, como cerimônias. Havia também aqueles que se dedicavam a fazer diferentes trabalhos dentro dos templos.

KomusoOs registros do repertório musical Honkyoku sobreviveram e estão sendo revividos no século XXI. Imagem: photo-ac.com

No entanto, em troca de “direitos exclusivos” como tocar o instrumento e viajar pelo país como quisessem, alguns komusō foram obrigados pelo Xogun a espionar para o Xogunato.

Com o passar do tempo, os ninjas, os rōnin e até mesmo viajantes começaram a usar as roupas desses monges budistas como disfarce, com o objetivo de se infiltrarem nos castelos sem serem reconhecidos, e com isso os Komusō começaram a ser vistos com desconfiança.

Os viajantes vestindo a roupa komusō foram submetidos a uma inspeção mais detalhada e eram desafiados a tocar peças honkyoku particularmente difíceis. Se um komusō não pudesse ou se recusasse, ele seria considerado um espião e provavelmente seria preso imediatamente.

Para evitar as práticas de espionagem, a liberdade que os Komuso tinham de cruzar as fronteiras ficou cada vez mais restrita. Por outro lado, muitos samurais errantes acabaram praticando essa religião, o que fez com que a seita fosse repudiada pelo governo.

Durante a Restauração Meiji, quando o Japão estava passando por grandes mudanças, o governo resolveu abolir completamente a seita Fuke. Felizmente, várias peças de Honkyouku puderam ser preservadas e hoje ainda são praticadas por monges mantem a religião.

Embora no passado a reputação dos Komusō tenha sido manchada por aqueles que queriam se passar por eles, hoje a tradição da seita Fuke foi revivida, e podemos vê-los tocando Shakuhachi em muitos festivais e principalmente em eventos religiosos do Japão.


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Fonte: wikipedia
Imagem do topo: Wikimedia Commons

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