4 crimes não solucionados que abalaram a indústria de alimentos no Japão


Propaganda da Glico em Osaka

Conheça alguns crimes envolvendo a indústria alimentícia no Japão que tiveram grandes repercussões no pais mas que até hoje permanecem um grande mistério.

Como sabemos, o Japão é conhecido por sua baixa criminalidade e por ser um dos países mais seguros para se viver. Além disso, o Japão possui uma taxa de condenação de 99% e crimes não solucionados são raros. Mas isso não impede que o país tenha em seus registros casos misteriosos, que até hoje não se sabe a autoria ou os mentores por trás deles.

Hoje vamos conhecer alguns casos envolvendo alimentos e a indústria alimentícia japonesa. São casos que ganharam muita repercussão no país e até hoje são envoltos de muitos mistérios.

1. Assassinatos da Máquina de Vendas

Máquina de vendas automáticas no JapãoImagem: photo-ac.com

Também conhecidos como ‘Assassinatos do Paraquat’, estes foram uma série de incidentes de envenenamento através de bebidas enlatadas vendidas nas famosas máquinas de vendas automáticas (Jidouhambaiki) que ocorreram nas décadas de 1980 e 1990.

Em 1985, a Oronamin C, uma marca de bebida vitamínica popular entre os mais velhos, estava realizando uma promoção de bebida grátis. Quando alguém comprava a bebida em uma máquina de venda automática, ela recebia outra garrafinha de Oronamin C gratuitamente.

Uma garrafa de Oromin C Imagem: sinkdd (flickr)

Infelizmente, essa promoção inofensiva acabou tornando-se mortal após alguém mal intencionado colocar uma garrafa de Oronamin C envenenada com paraquat – um herbicida altamente tóxico – na porta de coleta de uma máquina de venda automática.

Em 30 de abril de 1985, uma pessoa viu a bebida solitária e a pegou, supondo que fosse sobra de outro cliente que não queria a bebida extra. Ele morreu depois de consumir a bebida envenenada. Após essa ocorrência, seguiram-se mais 11 assassinatos, dez dos quais envolveram envenenamento por paraquat e outro que envolveu diquat, um herbicida igualmente mortal.

Pesticida Paraquat. Imagem: Wikimedia Commons

A polícia não conseguiu obter mais pistas porque as máquinas de venda automática envolvidas nos casos estavam todas localizadas em áreas isoladas, sem muito tráfego humano ou vigilância. No entanto, a polícia deduziu que o autor deve trabalhar em uma área industrial. Isso ocorre porque o paraquat não pode ser obtido facilmente em outros lugares.

2. Os assassinatos da Coca-Cola

 Os assassinatos da Coca-ColaImagem: photo-ac.com

8 anos antes dos assassinatos da Máquina de Vendas, um incidente semelhante envolvendo bebidas envenenadas perturbou Tóquio e Osaka. Este caso, que ocorreu em 1977, envolveu Coca-Cola com cianeto e, portanto, foi apelidado de assassinatos da Coca-Cola.

Em 3 de janeiro de 1977, um estudante do ensino médio encontrou uma garrafa de Coca-Cola abandonada em um telefone público perto da Estação Shinagawa. Ele consumiu a bebida envenenada à 1 da manhã e foi levado às pressas para o hospital. Ele acabou sucumbindo ao envenenamento por cianeto.

Naquela mesma manhã, um trabalhador de 46 anos consumiu uma bebida similarmente envenenada e acabou falecendo também. Seu corpo foi encontrado a 600m de distância de onde o estudante encontrou a primeira garrafa de Coca-Cola.

A polícia rapidamente entrou em ação e colocou muitos avisos alertando a população local para não consumir garrafas de Coca-Cola caso encontrassem abandonadas por aí. Devido aos avisos e alguma sorte, um menino de 15 anos escapou por pouco da morte certa.

Ele realmente encontrou uma garrafa de Coca-Cola no telefone público localizado perto da loja de sua família um dia e pretendia bebe-la mais tarde. No entanto, por sorte, ele viu os avisos da polícia e percebeu que algo estava errado e procurou a polícia.

Infelizmente, um terceiro caso ocorreu em Osaka, apesar das advertências públicas. Um homem de 39 anos encontrou uma garrafa de Coca-Cola no telefone público e bebeu. A equipe médica conseguiu salvar sua vida, mas ele cometeu suicídio um dia depois por vergonha.

O perpetrador nunca foi pego no final, e esse incidente forçou a Coca-Cola a alterar a vedação do produto para torná-lo mais difícil de adulterar.

3. O Incidente Glico-Morinaga

Propaganda da Glico em Osaka Imagem: photo-ac.com

Oficialmente chamado de Metropolitan Designated Case 114, este é um dos casos mais desconcertantes até hoje envolvendo indústrias alimentícias no Japão.

Uma pessoa ou organização misteriosa chamada “The Monster With 21 Faces” (O Monstro de 21 Faces) teve como alvo empresas de fabricação de alimentos, principalmente Glico e Morinaga, assediando seus funcionários e envenenando seus produtos.

O incidente da Glico começou com o sequestro do presidente da empresa, Katsuhisa Ezaki, em 18 de março de 1984. Sua casa foi arrombada por dois homens mascarados que após a invasão amarraram sua esposa Mikieko (35 anos) e sua filha mais velha Mariko (7 anos).

Mikieko ofereceu dinheiro aos homens e um deles respondeu: “Fique quieta. O dinheiro é irrelevante”. Depois de cortar a linha telefônica, os homens mascarados localizaram Katsuhisa Ezaki que estava tomando banho com seus outros dois filhos, Yukiko (4 anos) e Etsuro (11 anos).

Katsuhisa Ezaki foi sequestrado nu de sua casa e levado para um armazém em Ibaraki, Osaka. Um resgate de 1 bilhão de ienes foi exigido, mas três dias depois, a vítima conseguiu escapar após se libertar das cordas com as quais o amarraram. No entanto, ele não conseguiu identificar os culpados ou fornecer à polícia quaisquer pistas sobre suas motivações.

Várias semanas após o sequestro de Ezaki, o grupo incendiou vários veículos na sede da empresa. Então, em 16 de abril de 1984, um recipiente de plástico cheio de ácido clorídrico foi encontrado dentro de um prédio da empresa Glico em Ibaraki, Osaka, a mesma cidade em que Ezaki foi mantido em cativeiro.

Uma carta foi então enviada à empresa, informando que seus produtos haviam sido contaminados com veneno. Isso forçou a Glico a retirar seus produtos, causando uma perda maciça de mais de ¥ 20 milhões. No entanto, nenhum produto envenenado foi encontrado no final.

Na carta, os culpados se autodenominavam “O Monstro com 21 Faces”, em referência ao “O Demônio com Vinte Faces”, vilão fictício do escritor de mistério japonês Edogawa Ranpo. Posteriormente eles enviaram cartas à mídia, repreendendo a polícia por sua incompetência.

Para zombar da polícia, eles até deram dicas, como a cor do veículo que estavam usando e como conseguiram entrar nas dependências da Glico. Em 26 de junho de 1984, o(s) perpetrador(es) fez um anúncio de que a Glico foi perdoada e que eles não teriam mais a empresa como alvo.

Os holofotes então se voltaram para a Marudai, uma empresa que vende presunto e salsichas. Eles concordaram em parar se a empresa pagasse ¥ 584.000 e Marudai obedeceu. Em 28 de junho de 1984, um policial disfarçado de funcionário saiu em missão para entregar o dinheiro.

Ele embarcou em um trem de Osaka para Kyoto e foi instruído a procurar um homem com uma bandeira branca. No entanto, a referida bandeira branca nunca apareceu mesmo depois que o agente disfarçado chegou a Kyoto, mas ele notou um homem com “olhos de raposa” seguindo-o o tempo todo.

O policial embarcou em um trem de volta a Osaka, mas decidiu descer no meio do caminho na tentativa de seguir o homem. Infelizmente, o homem misterioso conseguiu escapar.

Fábrica da Morinaga. Imagem: Wikimedia Commons

Após este incidente, ‘O monstro de 21 Faces’ voltou sua atenção para a empresa de confeitaria Morinaga, onde afirmaram ter colocado veneno em seus produtos, causando um recall massivo que levou a grandes perdas financeiras. Mas, ao contrário da Glico, foi encontrado 21 produtos da Morinaga envenenados, junto com etiquetas que diziam “Feito com toxinas”.

A House Food Corporation, mais famosa por seus produtos de curry, foi o próximo alvo. Eles foram obrigados a pagar 1 milhão de ienes, para que seus produtos não fossem envenenados. A empresa concordou e enviou um veículo para transportar o dinheiro até eles.

A polícia estava seguindo o veículo, mas o encontro não ocorreu. Uma hora antes, um veículo roubado foi localizado perto da área do encontro e dentro dele, um homem com cerca de 40 anos teve acesso a todas as transmissões de rádio da polícia. Ele conseguiu escapar.

Todo o fiasco, que mais tarde ficou conhecido mundialmente como o Incidente Glico-Morinaga, só chegou ao fim quando Yamamoto, o superintendente de polícia que liderou as buscas pelo Monstro de 21 Faces, cometeu suicídio incendiando-se.

O Monstro de 21 faces deixou uma mensagem final dizendo que iriam parar por respeito ao falecimento de Yamamoto, e que se houvesse mais extorsões, não seriam eles e sim pessoas tentando copiá-los. A mensagem final também incluiu uma citação assustadora, que se traduz em “É divertido levar a vida de um homem mau”.

4. O chá Oolong envenenado com cianeto

O assassinato do chá oolongImagem: photo-ac.com

Em 31 de agosto de 1998, Ichijuro Nakazawa (58) bebeu uma lata de chá oolong no café da manhã. Quando chegou ao hospital, ele estava em parada cardíaca e faleceu duas horas depois do café da manhã. Os médicos ficaram perplexos por alguém em tão boa saúde inexplicavelmente morrer de insuficiência cardíaca súbita.

Na manhã seguinte, o gerente da mercearia onde Nakazawa comprou o chá oolong notou algo estranho. Alguns dos chás enlatados pareciam ter sido adulterados. Descobriu-se que essas latas tinham pequenos furos no fundo que depois foram seladas com um adesivo.

A análise revelou que cada lata continha 5 gramas de cianeto. A polícia então descobriu que as latas restantes de oolong que Nakazawa havia comprado também continham cianeto. Nakazawa foi o único a beber o chá envenenado, mas o envenenador nunca foi encontrado.

Todos esses casos misteriosos até hoje não foram solucionados. Espero que um dia, a verdade sobre eles venha à tona. Conhece algum outro caso que queira compartilhar? Comente abaixo!

Fonte: thesmartlocal.com, ranker.com
Imagem do topo: photoAC

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