Japão exigirá sistema de segurança contra erro de pedais em carros automáticos a partir de 2028

A partir de 2028, o Japão exigirá sistemas de segurança em carros automáticos para evitar acidentes por erro de pedais. Entenda a medida e seus impactos.

A partir de 1º de setembro de 2028, o Japão vai exigir que todos os carros de passeio novos com câmbio automático fabricados no país sejam equipados com um sistema de prevenção de acidentes causados por erro no uso dos pedais de acelerador e freio.

Os carros importados também precisarão dele a partir de 1º de setembro de 2029.

Esse anúncio foi feito em junho de 2025 pelo Ministério da Terra, Infraestrutura, Transporte e Turismo do Japão.

Essa política surge em um contexto em que acidentes envolvendo erros de pedal e motoristas idosos têm sido um problema social e de segurança viária no país.

A medida reforça a liderança japonesa em inovação automotiva e responde a um problema recorrente nas vias urbanas — especialmente em manobras de baixa velocidade, como estacionamentos e saídas de vagas.

⚠️ O problema: confusão entre acelerador e freio

Embora pareça improvável, pisar no pedal errado é uma das causas mais comuns de colisões em baixa velocidade. Esses acidentes costumam ocorrer quando o motorista:

● confunde o acelerador com o freio;
● entra em pânico diante de um obstáculo;
● acelera bruscamente ao invés de frear;
● realiza manobras em espaços apertados.

No Japão, onde a condução urbana é intensa e a população está envelhecendo, esse tipo de erro ganhou atenção especial das autoridades.

👵 Envelhecimento da população e segurança viária

O Japão possui uma das populações mais envelhecidas do mundo. Segundo estimativas da ONU, quase um em cada dez motoristas habilitados no Japão tem mais de 75 anos.

Acidentes causados pela confusão entre acelerador com o pedal do freio não são restritos somente a idosos no entanto eles ocupam o primeiro lugar nesse tipo de acidente pois o tempo de reação costuma ser menor em situações de emergência.

O uso da nova tecnologia não retirará a autonomia do motorista, mas funcionará como uma camada extra de proteção e beneficiará motoristas de todas as idades.

Dados sobre acidentes causados por motoristas idosos no Japão

O Japão enfrenta um fenômeno demográfico excepcional: sua população é uma das mais envelhecidas do mundo. Isso tem repercussões diretas no trânsito.

Aumento de acidentes fatais envolvendo idosos

Segundo dados da Agência Nacional de Polícia do Japão (National Police Agency – NPA), em 2022: 379 acidentes fatais foram causados por motoristas com 75 anos ou mais, um aumento de 33 casos em relação ao ano anterior e o maior número desde 1986.

Esses acidentes representaram 16,7 % de todos os acidentes fatais no país. Entre eles, 30,1 % ocorreram devido a erros como pisar no acelerador em vez do freio.

Ainda segundo estatísticas oficiais, a taxa de acidentes fatais por motoristas com mais de 75 anos ficou em 5,7 por 100.000 motoristas idosos, mais que o dobro da taxa de motoristas mais jovens (2,5 por 100.000).

Erros de pedal são mais comuns entre idosos

Pesquisas específicas indicam que motoristas idosos têm probabilidade significativamente maior de cometer erro de pedal (pisar no acelerador em vez do freio), especialmente em manobras de baixa velocidade ou ao estacionar.

Outro estudo apontou que, apesar da redução de acidentes fatais gerais, o percentual de acidentes atribuídos a erro do motorista idoso aumentou nas últimas décadas — de cerca de 8,7 % em 2008 para 14,8 % em 2018, com motoristas mais velhos continuando ativos no volante.

Impacto social e casos notórios

Além das estatísticas, casos específicos envolvendo motoristas idosos em acidentes graves reforçam o debate público sobre o tema. Por exemplo, em 2025, um motorista de 78 anos foi responsabilizado após seu veículo atropelar várias crianças no centro do Japão, levantando alertas sobre segurança e vigilância da condução na terceira idade.

Políticas complementares para motoristas idosos

A nova exigência tecnológica se soma a outras iniciativas do governo japonês voltadas para segurança de motoristas idosos:

● desde 2016, motoristas com 75 anos ou mais devem passar por teste de aptidão cognitiva ao renovar a habilitação, e podem precisar de atestado médico se houver indicações de declínio cognitivo
● incentivos para idosos devolverem voluntariamente a carteira de motorista
● campanhas públicas de conscientização sobre direção segura
● incentivo ao uso do transporte público.

O que muda a partir de setembro de 2028?

Com base nesses dados, a exigência de 2028 foi projetada não apenas como um avanço tecnológico, mas como resposta a um desafio demográfico e de segurança pública.

Com a nova regulamentação, todos os carros de passeio novos com câmbio automático, fabricados no Japão, deverão contar com um sistema de prevenção de aceleração indevida (Pedal Misapplication Prevention System). Esse novo sistema quando implantado vai:

● Detectar obstáculos à frente ou atrás do veículo;
● Identificar acelerações anômalas em baixa velocidade;
● Limitar a potência do motor para evitar avanços inesperados;
● Em algumas implementações, acionar frenagem automática ou impede movimento perigoso.

O foco está em situações onde a aceleração não é compatível com o contexto, reduzindo drasticamente o risco de colisão. Isso é particularmente útil em situações como estacionamento em vagas estreitas; saída de garagem; tráfego urbano lento.

O sistema não substitui o controle humano, mas age como camada adicional de segurança, especialmente para motoristas que, por reflexos ou julgamento mais lento, podem confundir os pedais. O uso do novo sistema de segurança vai:

✔ Reduzir acidentes em estacionamentos e áreas urbanas
✔ Proteger pedestres, ciclistas e outros veículos
✔ Evitar colisões causadas por pânico ou erro humano
✔ Salvar vidas e reduzir custos sociais
✔ Promover um trânsito mais seguro e previsível

Conclusão

A exigência de sistemas de prevenção de erro de pedal em carros automáticos a partir de setembro de 2028 não é apenas uma medida técnica — é uma resposta ao aumento de acidentes causados por erro humano, especialmente entre motoristas idosos.

Ao integrar tecnologias inteligentes de prevenção com políticas públicas voltadas para uma população que envelhece rapidamente, o Japão oferece um modelo interessante para outras nações que enfrentam desafios semelhantes no trânsito.

Mais do que uma regra técnica, a medida representa um compromisso com a vida, a segurança e o futuro da mobilidade.