Portas automáticas “à prova de ursos” no Japão

Empresa japonesa lança portas automáticas à prova de ursos, uma solução inovadora criada para impedir invasões de animais selvagens.
Recentemente, uma empresa japonesa chamou atenção ao anunciar portas automáticas projetadas para impedir a entrada de ursos — ou seja, portas “à prova de ursos”.
Em um contexto de crescimento de avistamentos e ataques de ursos em regiões habitadas do Japão, essa inovação vem como uma tentativa de adaptar a infraestrutura à nova realidade de convivência entre humanos e vida selvagem.
🐻 Porque surgiu a necessidade?
Em 2025, o Japão registrou um aumento alarmante no número de ataques e invasões de ursos. Relatos de incursões em áreas residenciais, escolas, estabelecimentos comerciais e lares têm se tornado mais frequentes — algumas com desfechos trágicos.
Com esse cenário, muitas empresas e instituições passaram a reconsiderar o uso de portas automáticas comuns: portões que se abrem automaticamente ao detectar movimento ou ao receber um sinal podem facilitar a entrada de animais curiosos ou famintos. O risco de ter um urso entrando em um ambiente fechado e povoado tornou-se real demais.
As empresas por trás da inovação
A iniciativa de desenvolver portas resistentes à entrada de ursos partiu da Fulltec, em parceria com a Mirairo — uma empresa especializada em portas automáticas e soluções de acessibilidade.
Originalmente, essas portas automáticas inteligentes foram criadas para facilitar o acesso de pessoas com mobilidade reduzida: elas se comunicam com smartphones via Bluetooth e permitem ajustar a velocidade de abertura/fechamento conforme a necessidade do usuário.
O que ninguém previa — mas que se tornou um diferencial — é que esse controle por app pode impedir, de fato, a entrada de animais selvagens — já que ursos não têm smartphone nem a capacidade de emitir o sinal necessário.
Como funcionam as portas “à prova de ursos”

As portas automáticas Mirairo Door contam com os seguintes mecanismos de segurança que as diferenciam de portas automáticas convencionais:
Ativação via smartphone (Bluetooth): apenas pessoas com o app compatível podem acionar a abertura automática. Isso impede que ursos — ou outros animais — entrem por engano.
Controle de acesso consciente: o sistema exige que a abertura seja iniciada por um usuário autorizado — ao contrário de sensores de movimento, que podem ser acionados por peso, calor ou movimento de animais.
Fechamento seguro: após o uso, a porta fecha automaticamente, mantendo o ambiente completamente vedado. Segundo relatado, o sistema é eficiente para prevenir tanto a entrada acidental de animais quanto a invasão deliberada.
Ou seja: o “plus” de segurança não é tanto a resistência física contra o peso ou força de um urso, mas sim um controle de acesso que requer um “token digital” — algo que ursos não têm —, reduzindo drasticamente as chances de invasão.
Prós e Contras das portas automáticas anti-ursos
Vantagens:
Permite manter portas automáticas, importantes para acessibilidade, sem abrir mão da segurança diante da fauna local.
Ajuda a proteger estabelecimentos vulneráveis em áreas com risco de incursões de ursos — como escolas, residências, pequenas empresas, pousadas, centros comunitários.
Representa uma adaptação prática e tecnológica à convivência entre humanos e animais selvagens, numa realidade cada vez mais presente no Japão.
Limitações / Desafios
Depende da tecnologia: para funcionar, exige que os usuários tenham smartphone e app compatível — o que pode ser um desafio para idosos ou pessoas sem acesso a tecnologia.
Em locais sem boa infraestrutura de energia ou conectividade, a instalação pode ser inviável.
Uma força-tarefa contra invasão de ursos no Japão
No norte do país (províncias de Akita e Iwate) houveram mais de 100 ataques que resultaram em 12 mortes desde abril. A expansão de florestas em antigas áreas agrícolas e a escassez de alimentos vem forçando os ursos a busca de comida em áreas urbanas.
A adoção de portas automáticas “à prova de ursos” é apenas parte de uma série de iniciativas — algumas mais radicais — para lidar com o que muitos já consideram uma nova onda de conflito entre humanos e vida selvagem no Japão.
Entre outras medidas adotadas estão desde drones e robôs lobo afugentadores de ursos (como os chamados Monster Wolf) até sprays repelentes e cercas elétricas. O Japão também tem mobilizado militares para conter o avanço dos ursos em áreas urbanas.
Essas inovações demonstram como empresas e comunidades estão buscando medidas criativas, tecnológicas e adaptativas — em vez de depender apenas de métodos tradicionais.
Às vezes, a resposta não está em muros altos ou cercas agressivas, mas em pensar “fora da caixa”: com tecnologia, mobilidade e controle inteligente.
Essas inovações podem servir de inspiração para outros países que enfrentam riscos similares. Afinal o convívio entre humanos e vida selvagem tem se tornado mais frequente e pensar nesse tipo de infraestrutura deixará de ser exceção para se tornar comum.
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