Documentário mostra a surpreendente jornada de nipo-brasileiros no Japão


One Day We Arrived in Japan

O documentário “One Day We Arrived in Japan” estreado no ano de 2017, seguiu a jornada surpreendente de três famílias de dekasseguis ao longo de 10 anos.

No século passado, centenas de milhares de japoneses imigraram para o Brasil. Em cidades como São Paulo, podemos encontrar muitas lojas e restaurantes japoneses.

Cerca de 1,4 milhão de descendentes de japoneses vivem agora no país sul-americano – a maior população fora do Japão. Mas nos últimos 25 anos, uma onda de nipo-brasileiros mudou-se para o Japão com o objetivo de trabalhar e juntar dinheiro para melhorar de vida.

Uma lei japonesa de 1990 permite que pessoas de ascendência japonesa e seus cônjuges se fixem no Japão para trabalhar. Das centenas de milhares de migrantes que o fizeram, a maioria trabalha em empregos desafiadores em fábricas como operários.

Em outras palavras, os japoneses migraram para o Brasil em busca de trabalho e uma vida melhor – mas muitos de seus descendentes migraram para o Japão com os mesmos objetivos.

A jornada começou no início do século 20, segundo Ana Paula Hirano, cineasta nipo-brasileira. “No Japão… havia superpopulação nas cidades”, explica ela. “E no Brasil, eles precisavam de gente para trabalhar nas plantações de café.”

Hirano diz que as famílias japonesas tendem a se integrar rapidamente no Brasil. Ela não falava japonês em casa, e a maioria de seus amigos e colegas não eram nipo-brasileiros. Como resultado, os migrantes que se mudam para o Japão geralmente lutam para se adaptar.

Aqui no Ocidente, costumam dizer que vão ‘voltar’ ao Japão”, diz Hirano. “No Brasil, em contraste, os nipo-brasileiros são simplesmente vistos como brasileiros.”

Eles já nasceram no Brasil. Então, eles vão pela primeira vez ao Japão.” Há uma década, Hirano se juntou a Aaron Litvin, agora pós-graduando em literatura, para fazer um filme sobre a migração brasileira para o Japão.

One Day We Arrived in Japan” seguiu a jornada de três famílias de migrantes ao longo de 10 anos. Eles fizeram uma campanha no Kickstarter para financiar a pós-produção do filme. Um de seus temas foi Bruno, um garoto nipo-brasileiro que se mudou para o Japão quando tinha 5 anos.

Quando comecei a primeira série na escola japonesa, Não entendi nada, chorei e chorei ”, disse Bruno em um clipe de 2008. Ele estava sentado em sua cama, chorando descrevendo em português suas primeiras semanas lá. “Eu fiquei ali me perguntando, o que eles estão fazendo? O que estão dizendo? E então pensei: vou parar de fazer o que quero e vou imitá-los ”.

Litvin mostrou aquele clipe para Bruno e sua família sete anos depois, quando ele estava prestes a entrar no ensino médio. Nesse ínterim, Bruno havia dominado o japonês. “Ele se emocionou um pouco”, lembra Litvin. “No futuro, quero morar aqui no Japão”, disse Bruno em 2015, falando japonês.

Mas se eu tiver dinheiro e férias, gostaria de voltar uma vez ao Brasil, para viajar e ver minha avó e tia. Não os vejo há cerca de 10 anos.” A família de Bruno parece mais a exceção do que a regra. Das três famílias nipo-brasileiras que Litvin e Hirano seguiram para o filme, duas voltaram para o Brasil.

Quando você parece japonês, mas não fala japonês e não sabe como se comportar da maneira japonesa, isso quebra as expectativas”, diz Hirano.

Para os nipo-brasileiros que permanecem no Japão, a assimilação leva décadas – assim como no Brasil. “Minha mãe diz que quando falo português, sou brasileiro, e quando falo japonês, sou japonês”, disse Bruno em português. “Mas me identifico como brasileiro.”

Trailer de One Day We Arrived in Japan

One Day We Arrived in Japan from Litvinsight Productions on Vimeo.

Para quem tiver interesse de assistir ao documentário é possível aluga-lo para assistir online. Para maiores informações, acesse o site: http://onedaywearrivedinjapan.com/

1 Comentário

  1. Carlos Essei Shibata

    Muito bom o documentário, participei, mas posso dizer que me emociono sempre.

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