A Trágica História dos Túneis Subterrâneos de Okinawa


A Trágica História dos Túneis Subterrâneos de Okinawa

A Batalha de Okinawa, em 1945, também conhecida como Operação Iceberg, causou um grande impacto sobre a população de Okinawa, além de ter sido o pano de fundo para um dos maiores suicídios coletivos ocorridos na história do Japão, e quiça, do mundo.

A antiga sede subterrânea naval japonesa (Kaigunshireibugō / 旧海軍司令部壕), concluída em dezembro de 1944 e localizada em uma colina a cerca de 4 km ao sul da cidade de Naha, foi o abrigo dos soldados da Marinha Imperial Japonesa durante a Batalha de Okinawa em 1945.

Hoje, a antiga sede subterrânea da Marinha japonesa pode ser visitada pelo público, após muitas décadas intocada. Uma visita nesse local nos dá a oportunidade de fazer uma reflexão profunda sobre as tragédias da guerra e nos encoraja a lutar sempre pela eterna paz mundial.

A construção do túnel subterrâneo

O túnel começou a ser construído em 1944, sob a liderança de Minoru Ota, um almirante da Marinha Imperial Japonesa e auxílio dos Engenheiros da Marinha (Divisão de Yamane). Possui 450 metros de comprimento e é feito de postes e concreto. Afirma-se que picaretas e pás foram usadas na construção do túnel. Ele permanece exatamente como era naquele tempo.

Dentro do túnel, construído sob uma montanha em Tomigusuku, encontra-se diversas instalações como a sala de planejamento, sala dos soldados, etc. A sede passou a ser usada a partir de janeiro de 1945 com o propósito de proteger o aeroporto de Naha, capital okinawana.

Veja também:
A Sangrenta Batalha de Iwo Jima

A invasão dos EUA em Okinawa

batalha de okinawa

No dia 4 de junho de 1945, os soldados americanos desembarcaram no sul de Okinawa e a ilha tornou-se a linha de frente do Japão. Uma sangrenta batalha foi travada por 82 dias. Os habitantes de Okinawa se referiam à batalha como “tetsu no bōfū” (Tufão de aço) ou “tetsu no ame” (chuva de ferro), por causa da intensidade de fogo da batalha.

Os americanos, comandados pelo general Simon Buckner, somaram 290 mil soldados americanos, contra 150 mil soldados japoneses. No final da batalha, o exército japonês sofreu mais de 100.000 baixas, enquanto que o americano, 20.000. Mas, claro, quem sofreu mais com essa história foram os civis. Mais de 150.000 okinawanos perderam suas vidas.


Link do vídeo (YouTube)

O telegrama e o suicídio em massa da tropa japonesa

A Batalha de Okinawa foi a primeira e única vez que soldados americanos lutaram em solo japonês. Diante da iminente derrota, o comandante Minoru Oota escreveu um telegrama de despedida para o general Mitsuru Ushijima no dia 11 de junho, lamentando o resultado do combate, mas elogiando o sacrifício e a cooperação do povo de Okinawa na batalha.


Para não se render aos americanos, Oota convenceu os membros de sua equipe a cometerem suicídio, com o argumento que o inimigo iria violentar e torturar os civis. O suicídio em massa, inspirado no ritual seppuku praticado pelos antigos samurais ocorreu dois dias depois, no dia 13 de junho, com a explosão proposital de uma granada dentro do túnel onde estavam.

Os fuzileiros americanos não entraram no túnel. Ao invés disso, selaram-no, bloqueando todas as entradas. O túnel permaneceu intocado por muitos anos, sendo reaberto apenas em 1950, onde foram encontrados as ossadas de mais de 2.000 marinheiros japoneses.

Com a derrota do Japão na Segunda Guerra Mundial, Okinawa passou a ser administrada pelos Estados Unidos até 1972. A ilha serviu como uma importante base americana durante a Guerra do Vietnã e a presença dos Estados Unidos em Okinawa continua até os dias hoje.

Dos 1,4 milhão de habitantes de Okinawa, mais de 100 mil são americanos – em sua maioria militares e seus dependentes ou funcionários civis do Departamento de Defesa.

Visita à antiga sede subterrânea naval japonesa

Em 1970, a antiga sede subterrânea naval japonesa foi restaurada e aberta ao público. Em 1972, o local em torno da sede tornou-se uma espécie de parque memorial, recebendo visitantes de todo o Japão e do mundo. É possível fazer um passeio subterrâneo e conhecer as instalações da sede como o quarto do comandante, sala de oficiais, sala de operações, etc.

Os vestígios do suicídio em massa do almirante Minoru Ota e seu exército ainda podem ser vistos, tais como as marcas da explosão da granada nas paredes. Também é possível ver as cartas de despedida dos marinheiros que foram deixadas para os seus familiares.


Link do vídeo (YouTube)

Uma explicação de áudio em inglês está disponível durante o tour pelo túnel, mediante solicitação do visitante. Para mais informações sobre os túneis subterrâneos de Okinawa, você pode visitar o site oficial. Se tiver oportunidade, vale a pena conhecer esse local.

The Former Japanese Navy Underground Headquarters (旧海軍司令部壕)
Endereço: 236 Tomigusuku, Okinawa 901-0241, Japão [Mapa]
Telefone: +81 98-850-4055

Fonte: jpninfo.com

10 Comentários

  1. Teruo Yara

    Eu morei por 10 anos em Okinawa, bem na rua onde se situa o Kaigungo. Apenas para retificar um erro, o monte em questão não se chama “Tomagusuku”, mas sim Monte Kaingungo, dentro do Município de TOMIGUSUKU(豊見城)

  2. Oi Teruo…
    Obrigada pela correção.
    Um abraço
    Silvia

  3. Junior

    Assisti um filme sobre essa história nesse final de semana, adorei o mesmo, e decidi buscar mais informações sobre o mesmo. Adorei o seu texto. Meus agradecimentos.

  4. kato

    Ame = CHUVA???

  5. Todos descentes de Okinawa tem obrigação moral de conhecer essa história! Eu já estive naquele túnel, quando fui conhecer Okinawa, terra dos meus pais.

  6. Katiê Gakiya

    Qual o nome do filme que relata essa história?? Alguém lembra??

  7. Nilton I

    Se for esse último na Netflix, trata-se de ” Até o último homem”.Apesar dos elogios que foram feitos ao filme, enfatizo que é uma visão americana do conflito e que pouco trata das razões para o tipo de combate travado.
    E é bem violento mostrando cenas de morte ao estilo “o resgate do soldado Ryan”.Desaconselhado para pessoas não preparadas a ver a crueldade de uma guerra.

  8. Flor do deserto

    Quando fui à okinawa, visitei o museu da paz, uma tristeza….minha mãe já tinha ido e me contou sobre uma caverna com gravações de gritos, eu acho que visitar um local desses me causaria mal-estar, pensando que ali tivessem almas penadas.

  9. Pingback: Okinawa: A cultura única das Ilhas Ryukyu | Curiosidades do Japão

  10. Esses comentários são maravilhosos, conteúdos históricos assim tão ricos nunca devem ser esquecidos, é bom que as marcas da guerra nunca desapareçam para que nunca serem esquecidas, as consequências de um conflito tão brutal.

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