Filme ‘Yume’ (Sonhos) de Akira Kurosawa


Yume (Sonhos) de Akira Kurosawa

Este filme de 1990 é composto por uma série de curtas-metragens que refletem sobre o egoísmo e a destruição imposta a si mesmo e ao planeta. Foi o primeiro longa do diretor em Hollywood e tem até a participação do diretor Martin Scorsese como Van Gogh.

São 8 curtas-metragens inspiradas em seus sonhos reais. Introspecção, problemas sociais e folclore tradicional japonês desempenham um papel importante nesta obra tardia na carreira de Kurosawa (ele começou a escrever o roteiro quando tinha quase 80 anos).

Quando ele terminou de escrever o roteiro, depois de apenas dois meses, o cineasta lutou para encontrar financiamento e, com o tempo, garantiu os custos de produção porque seu admirador de longa data Steven Spielberg o ajudou. O filme traria oito dos sonhos mais intensos e memoráveis ​​de Kurosawa à vida em forma de antologia, adotando uma estrutura episódica embora não haja uma relação contundente entre eles, além do título do filme, é claro.

Yume (Sonhos) de Akira Kurosawa

Os filmes de Akira Kurosawa costumam explorar a identidade, a natureza e a consciência humana. Não foram feitos para um público específico. Eles tratam de temas universais e inerentes à humanidade. Além disso, sua capacidade de evocar uma reação poderosa em meio ao público internacional foi o que ajudou a estabelecer sua reputação em todo o mundo.

Ao invés de apelar para um tipo específico de público, Akira Kurosawa olha para dentro de si mesmo e utiliza a arte do cinema como um modo de expressão pessoal, da mesma maneira como um renomado pintor utiliza tintas, óleos e telas para criar suas obras-primas.

Yume (Sonhos) de Akira Kurosawa

Como um todo, seus filmes procuram traços humanos essenciais e comuns. Todo o trabalho de Kurosawa busca entender o lugar da humanidade no mundo, que continua sendo uma das poucas características comuns de todo ser humano.

A falta de relevância para um público mais amplo faz Sonhos 夢 continuar sendo um dos filmes menos acessíveis de Kurosawa; no entanto, também está entre seus filmes mais íntimos, tendo saído da câmara de sua mente inconsciente para uma expressão de pura arte.

Ao apreciarmos Kurosawa como investigador do comportamento humano, Sonhos se torna algo muito maior do que uma jornada surreal, não-linear e de cores vivas pelo subconsciente de um grande autor do cinema; torna-se um filme essencial para a humanidade.

Histórias

A Raposa: Uma criança é avisada pela mãe que não deveria ir à floresta quando há chuva e sol, pois é a época do acasalamento das raposas, que gostam de serem observadas. Mas ele desobedece os conselhos e observa as raposas, atrás de uma árvore. Ao retornar para casa sua mãe não o deixa entrar e lhe entrega um punhal, dizendo que como ele havia contrariado a raposa ele deveria se matar, mas ela sugere algo que pode remediar a situação.

O Jardim dos Pessegueiros: O irmão mais novo de uma família, ao servir chá para as irmãs, depara com uma moça desconhecida que foge. Indo ao seu encalço, nota que ela é uma boneca e depara com os pessegueiros da sua casa totalmente cortados, restando só tocos. Os espíritos dos pessegueiros surgem para ele e, em uma dança melancólica, dizem que as bonecas são colocadas para enfeitar e festejar o Hinamatsuri e a florada dos pessegueiros, mas como eles não mais existem naquela casa não fazia sentido a presença das bonecas.

A Nevasca: O líder de uma expedição, junto com seu grupo, se vê em meio a uma nevasca. Eles sucumbem a nevasca, mas repentinamente surge uma linda mulher que envolve o líder com uma echarpe prata. Ele percebe que ela pode ser Yuki-onna, então ele vê que está próximo do acampamento e tenta acordar os companheiros, mas não consegue. Ouve então uma corneta, indicando que o acampamento está mais próximo do que imagina.

O Túnel: Ao entrar em um túnel o capitão de um exército é surpreendido por um cão, que ladra para ele. Atravessa então o túnel em curtos passos. Na saída ouve alguém caminhar e depara com um dos seus soldados morto em combate, que pensa não estar morto.

Corvos: Um jovem pintor, ao observar as pinturas de Van Gogh, entra dentro dos quadros e se encontra com o pintor em um campo aberto, que indaga por qual razão ele não está pintando se a paisagem é incrível, pois isto o motiva a pintar de forma frenética.

Monte Fuji em Vermelho: O Fuji entra em erupção ao mesmo tempo ocorre um incêndio em uma usina nuclear, provocado por falha humana. É desprendida no ar uma nuvem de radiação de diversas cores. Um homem relata ser um dos responsáveis pela tragédia e diz preferir a morte rápida de um afogamento à lenta provocada pela radiação.

O Demônio Chorão: Ao caminhar por um terreno montanhoso, um viajante encontra um demônio, que explica que houve holocaustos nucleares que resultaram na perda da natureza e dos animais, enormes frutos e dentes-de-leão e humanos com chifres desenvolvidos.

Vilarejo dos Moinhos: Um viajante chega à um povoado conhecido por muitos como Vilarejo dos Moinhos. O viajante encontra um velho ancião da vila, muito sábio, que está consertando a roda quebrada de um moinho. O ancião explica que as pessoas do seu vilarejo decidiram há muito tempo atrás abrir mão da influência poluidora da tecnologia moderna e retornar para uma sociedade mais feliz e limpa. eles escolheram a saúde espiritual a despeito da conveniência.

Confira abaixo o filme completo. Para adicionar as legendas em português, basta configurar o idioma no próprio vídeo. Caso prefira assisti-lo dublado em português, clique aqui.

https://www.youtube.com/watch?v=9ewcc_dATJc
Link do vídeo (YouTube)

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