Adolfo Farsari, o homem que fotografou o Japão antigo


Adolfo Farsari

Fotos antigas do Japão por Adolfo Farsari

Na década de 1880, em uma época em que poucos europeus tiveram acesso ao Japão, um fotógrafo italiano conseguiu capturar muitas imagens fantásticas do Japão Antigo, na época em que morou em Yokohama.

Estas fotografias foram transformadas em pinturas para servir como um registro notável, onde é possível resgatar a cultura e o realismo do que um dia foi o Japão, bem diferente do país moderno, tecnológico e em constante evolução de hoje em dia.

Com base nessas fotografias e pinturas, é possível ter uma ideia dos trajes e costumes do antigo Japão. Farsari começou sua carreira como militar e foi um ex-combatente da Guerra Civil americana. Talvez seja esse seu interesse militar, o motivo dele ter retratado tantas imagens de guerreiros japoneses.

Adolfo Farsari fotos antigas Japão

Adolfo Farsari fotos antigas Japão

Farsari era um fotógrafo comercial e suas composições foram projetados para serem vendidos especialmente para os visitantes estrangeiros no Japão.

Suas paisagens muitas vezes nos faz imaginar que se trata de uma versão ligeiramente melhorada e até mesmo romantizada do antigo Japão.

Refletiam algo de libertário e suas idéias de igualdade. Tanto que as mulheres são retratadas como muitas vezes como homens e não em posições subservientes.

Adolfo Farsari fotos antigas Japão

Farsari aprendeu a arte da fotografia sozinho em 1860 e chegou no Japão em 1870. Em 1885 ele fez parceria com o fotógrafo Tamamura Kozaburō. Juntos, eles adquiriram um estúdio já existente, a Associação fotográfica do Japão, onde empregavam mais 15 funcionários. A parceria durou poucos anos e depois tornaram-se concorrentes um do outro.

Farsari expandiu o seu negócio em 1885, quando adquiriu uma das instalações da Companhia fotográfica de Yokohama (ao lado da sua própria).

Além de seu estúdio de Yokohama, Farsari tinha agentes em Kobe e Nagasaki.

Até o final de 1886, Farsari e o fotógrafo chinês Tong Cheong foram os únicos fotógrafos estrangeiros comerciais que operaram no Japão até que no ano seguinte, em 1887, Farsari tornou-se o único fotógrafo estrangeiro.

Na época a tecnologia fotográfica não era tão moderna como hoje e por isso, capturar cenas era uma tarefa o tanto difícil. Para se conseguir essas fotografias, as pessoas tinham que permanecer imóveis por mais de 5 segundos, caso contrário, as imagens ficavam distorcidas.

É por isso, que essas imagens ganharam valor inestimável, pois fazem parte de um pedaço da história social do Japão Antigo. Foi assim que o fotógrafo Farsari tornou-se o último estrangeiro reconhecido na época.

Ao longo dos anos as suas imagens se tornaria amplamente disponíveis através de diversos meios de comunicação – principalmente livros, periódicos e guias de viagem. Seu trabalho, porém, seria transpor a fotografia.

Adolfo Farsari fotos antigas Japão

Adolfo Farsari fotos antigas Japão

Uma de suas fotos mais famosas, de uma mulher japonesa da classe alta sendo transportada para um destino desconhecido seria reproduzida no mundo inteiro como um troféu.

Mas nem tudo foi um mar de rosas na vida de Farsari. Em 1886 um incêndio misterioso destruiu todos os seus negativos, mas nem isso fez com que ele desistisse da sua paixão que era a fotografar. Ele embarcou em uma turnê no Japão por 6 meses e tirou muitas fotografias em sua viagem para reabastecer seu estoque e reabrir seu estúdio. Seu acervo contam com mais de mil fotografias.

Adolfo Farsari fotos antigas Japão

Adolfo Farsari fotos antigas Japão

Mas o que torna Adolfo Farsari tão especial? Uma das principais razões foram os altos padrões técnicos (para a época) que ele exigia de seu próprio trabalho.

Na verdade, as suas técnicas tinham uma grande influência sobre o desenvolvimento da fotografia como uma forma de arte no Japão, o que é uma grande característica, já que ele aprendeu a arte da fotografia sozinho como forma de ganhar a vida.

Além disso, seu talento natural aliada a sua grande capacidade empreendedora garantiu que suas fotos fossem divulgadas e fizessem com que seu nome e sua reputação ganhassem o respeito que tem nos dias de hoje.

Adolfo Farsari fotos antigas Japão

Sua popularidade sofreu duras críticas no século XX, quando alegaram que a incoerência de qualidade devido a produção em massa. Com isso seu trabalho foi rejeitado por alguns.

No entanto, seu trabalho foi reavaliado e o significado histórico e artístico do seu trabalho foi reconhecido novamente. Não são poucos os museus que contêm coleções de seu trabalho e sua reputação nos dias de hoje é inquestionável.

Adolfo Farsari fotos antigas Japão

Adolfo Farsari fotos antigas Japão

Adolfo Farsari era um fotógrafo perfeccionista e usava tintas e papel de alta qualidade para as suas fotografias. E embora as fotografias originais fossem impressões sépia monocromáticas, como todas as fotografias da época, Farsari, como fotógrafo original que era, as levava para artistas locais, que as coloriam manualmente. E o resultado são realmente impressionantes.

Apesar de suas fotografias poderem ser comprados individualmente, Farsari percebeu que podia ganhar mais dinheiro através de álbuns completos, feitos com muito requinte.

Eram vendidos a um preço elevado para colecionadores interessados, especialmente visitantes europeus e americanos ou estrangeiros residentes que queriam levar uma lembrança visual quando partissem do Japão.

Adolfo Farsari fotos antigas Japão

Em 1889 Farsari resolveu que era hora de voltar para sua terra natal, a Itália e se tornar italiano novamente (ele renunciou à sua nacionalidade, quando ele foi para os EUA para lutar na Guerra Civil). A fim de tentar facilitar a sua re-entrada ao país de origem, ele presenteou o Rei da Itália com um álbum de luxo em 1889.

Sua primeira tentativa não deu certo e ele voltou ao japão, com sua filha Kiku, resultado de uma relação entre ele e uma mulher japonesa. Depois de um tempo sua cidadania italiana foi concedida e foi na cidade de seu nascimento, Vicenza, que morreu em 1998.

Seu estúdio permaneceu no Japão, apesar de sua ausência, quando seu gerente de estúdio, Tonokura Tsunetarō, assumiu o negócio e os registros indicam que continuou até 1917.

Adolfo Farsari fotos antigas Japão

O que se sabe é que seu estúdio em Yokohama foi em grande parte destruído pelo grande terremoto de Kanto em 1923. No entanto, as fotografias Farsari permanecem como testemunho de sua vida e ele será sempre conhecido como o homem que fotografou o Japão antigo, ou seja, o Japão da época dos samurais e das gueishas.

Ele fotografou uma época em que o regime japonês era ainda fechado para todo o tipo de influência externa e distante ainda do desenvolvimento industrial que ocorreu décadas depois. Realmente suas fotografias são verdadeiras obras de arte, que muito contribuíram para remontar a história feudal do Japão.

10 Comentários

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  4. Douglas Bezerra

    Já houvi falar dele, acho incrível como ele conseguiu esse grande acervo de imagens do Japão antigo, as fotos são lindas, acho legal que as construções japonesas ainda tem um toque meio antigo, apesar dos grandes edifícios de hoje também serem legais.
    Sem dúvidas ele conseguiu ser muito esperto de conseguir se manter no Japão e ainda fazer dinheiro para sobreviver em uma época que praticamente não existiam estrangeiros lá dentro.
    Abraços!

  5. Japão em Foco

    Oi Douglas!
    Obrigada por comentar!
    Abraços!

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  8. marcos de souza

    Imagens simplesmente incríveis, maravilhosas, alias, como tudo que vem do JAPÃO(minha patria por opção); Sou suspeito pra falar do JAPÂO, AMO essa nação. E, sou vidrado no JAPÃO EM FOCO.

  9. Joner

    Olá se puder corrigir, ele morreu em 1889, não em 1998.

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